sábado, 18 de julho de 2009

A PESCA DO ATUM NO ALGARVE

José Carlos Vilhena Mesquita

O atum pertence ao género dos acantopterígeos e à família dos escombrídeos, sendo a espécie mais vulgar o Thymus thymus, cujos melhores exemplares podem atingir dois metros de comprimento e novecentos quilos de peso. Esta espécie costuma avistar-se em grupos de duas ou três dezenas nas águas quentes do Atlântico e do Mediterrâneo. São raros os grupos que passam do Golfo da Gasconha ou da Biscaia. Importa esclarecer que existem dois tipos de atuns com interesse económico, frequentando as águas atlânticas. A espécie de maior porte já aqui citamos. A mais pequena,  o Thymus brachyterus, é a mais abundante no Mediterrâneo. Ambas são capturadas nas artes de cerco do atum lançadas nas praias do Algarve e da Andaluzia. Para além do interesses alimentar dos tunídeos, também deles se aproveita um óleo rico em gorduras e vitaminas hipossolúveis utilizados na indústria farmacêutica para a produção de medicamentos e de cosmética.
O atum é um peixe migratório que na primavera inicia uma rota de desova, que vai desde o Atlântico até ao Mediterrâneo, culminando no Mar Negro, tendo como única passagem o estreito de Gibraltar. Como o atum é bastante tímido e assustadiço ao ver as negras redes de pesca (impermeabilizadas em alcatrão), eriçadas numa estrutura fixa por âncoras e bóias, que mais parecia um dédalo de corredores ou de ladrilhadas muralhas medievais, afastava-se para um canal que o conduzia até ao “copo”, uma espécie de armadilha de onde não podia sair senão fisgado na ponta do arpéu dos pescadores, debruçados sobre as redes numa luta desigual entre a força e o engenho, à qual eufemisticamente chamaram a “tourada do mar”, mas que não passava dum verdadeiro ritual de sangue. 
As migrações dos tunídeos são profundamente sensíveis à corrente marítima do gulf-stream, que se inicia no golfo do México e, formando uma diagonal, atravessa o Atlântico em direcção à costa europeia, influenciando claramente o clima e as pescas marítimas. Essa corrente, forma nas águas diferentes camadas de temperatura e até de salinidade, mantendo-se ao lado das outras correntes sem se misturarem. Até ao início do século passado desconhecia-se o princípio da imiscibilidade das águas marítimas, razão pela qual se explica hoje a alteração dos recursos marinhos e as capturas pesqueiras, sendo disso sensíveis os cardumes de sardinha e as migrações do atum. No verão, as correntes quentes do golfo progridem pelo hemisfério norte e retrocedem no hemisfério sul, invertendo-se a situação no inverno. Por isso é que as pescarias são mais abundantes nos finais da primavera e princípios do verão. Na costa portuguesa, e sobretudo nas praias algarvias, a corrente equatorial chega no mês de Maio, atingindo o golfo da Gasconha no mês seguinte. É neste período que chega o atum, chamado de “direito”, quando as águas atlânticas atingem uma temperatura superior a 14.º.
As espécies piscatórias, com interesse económico e transformação industrial, dependem das correntes marítimas, da latitude solar e da sua constituição biológica. Assim, o atum, a cavala, a sardinha e a anchova abundam nas águas quentes da costa europeia do sul, enquanto o arenque e o bacalhau preferem as águas frias do norte. Logo, a economia das pescas no continente europeu distribuiu-se pela abundância do pescado, ou seja, pela distribuição das correntes do golfo.
As armações lançadas no Algarve eram verdadeiras obras de engenharia náutica, bastante onerosas, constituídas por quilómetros de redes, centenas de âncoras e milhares de bóias, dando trabalho e pão a inúmeras famílias de pescadores. A tradição desta pesca passava de pais para filhos. Conforme o regime dos ventos oscilava também a limpidez das águas, sendo tanto mais proveitosa quanto mais cristalinas fossem as águas. E isto porque o atum, embora bastante corpulento, era muito assustadiço, preferindo marginar as redes em vez de investir contra elas, sendo por isso imprescindível que as visse, razão pela qual as águas teriam de estar límpidas. Caso contrário esbarravam na armação danificando a sua estrutura, mercê da confusão que a partir dali se estabelecia no grupo de tunídeos. Pior do que isso seria a entrada do roaz na armação, expressão que o povo consagrou como sinónimo de grande confusão ou de violenta perturbação da ordem. O roaz é um pequeno cetáceo, mais propriamente um golfinho (Tursiops truncatus),
 igual àqueles que costumamos ver na embocadura do rio Sado, de apenas 1,5 a 2 metros de comprimento, que costumamos designar por golfinho-nariz-de-garrafa. É bastante voraz, caça em grupo e persegue as presas usando estratégias de ataque. E os grupos migratórios de atuns são um dos seus alvos preferidos. Atacam-nos de surpresa, para num golpe de agilidade e de força lhes arrancar o fígado, por ser o órgão mais rico em gorduras. Um cardume de atuns, perante um ataque de roazes, é capaz de investir contra a armação e infligir-lhe danos irreparáveis. A presença do roaz na costa algarvia poderia significar a perda de um ano de trabalho. Por isso existiam barcos avançados à armação, como se fossem vigias, para afugentar a tiro ou com pequenos explosivos, os roazes que se aproximassem das praias.
As armações de pesca do atum achavam-se espalhadas por toda a costa do Algarve, pertencentes a grandes empresários ou a sociedades de investidores. Sabe-se que pelo menos em 1797 fainava nestas águas a Companhia de Pescarias do Algarve, fundada anos antes pelo Marquês de Pombal.
Restringindo-nos apenas às que se armavam na costa de Faro, ficamos a saber que a Armação do Ramalhete foi lançada pela primeira vez em 1863 sob o patrocínio financeiro de duas famílias, a dos Fonsecas e a dos Coelho de Carvalho, isto é, lideradas por João da Fonseca e Joaquim António da Fonseca, e por António Coelho de Carvalho e Sebastião José de Carvalho. Dois anos depois o irmão destes, Ventura Coelho de Carvalho, lançou a armação do Cabo de Santa Maria, que antes se designava por Zimbral. Em 1899 fundiram-se as duas armações numa sociedade anónima sob a designação de Companhia de Pesca de Atum do Cabo de Santa Maria e Ramalhete.
Nessa altura existia também a armação do Forte que pertencera a Paulo Leite e fora adquirida anos antes à Companhia Louletano-Silvense. Ao que parece, certas rivalidades e desentendimentos nos espaços das concessões levou a que a armação do Forte fosse comprada em 1916 pela Companhia do Cabo e Ramalhete.
Durante alguns anos foram as três armações lançadas nas imediações da costa de Faro, mas em meados dos anos vinte do séc. XX deixou de se lançar a do Forte, cingindo-se a companhia às armações que lhe davam o nome e a origem de constituição. A razão desta diminuição de esforços prendia-se com o decréscimo gradual das pescas desde 1900 até 1924, ano em que começaram novamente a aumentar os índices de capturas de atuns, atuarros e albacoras. Aliás essa diminuição foi tão sentida que provocou a falência de muitas empresas e a extinção de várias armações, nomeadamente a da Fuzeta (mais tarde denominada Bias), a da Barra Nova, Torre Alta, Torre Altinha, Carvoeiro, Senhora da Rocha, Belixe, Burgau, Almadena, etc.
Felizmente manteve-se em laboração a mais antiga das armações de pesca do Algarve, denominada «Medo das Cascas», que se lançava na costa de Tavira de direito e de revés, a qual concorria em prestígio e produção com a Companhia de Pesca de Atum do Cabo de Santa Maria e Ramalhete. A título de curiosidade acrescentaremos que a armação do Ramalhete integrou-se naquela Companhia em 1899, tendo nesse ano pescado 2606 atuns, enquanto que a do Cabo de St.ª Maria pescava 4358 tunídeos. A partir de então o melhor ano da armação do Ramalhete foi 1927 com 5429 atuns, sendo 1918 o pior ano com apenas 39 tunídeos. A armação do Cabo teve em 1907 o seu melhor ano com 4827 atuns, sendo o pior também o de 1918 com apenas 127 atuns.
Em todo o caso, estas armações laboraram muitos anos antes de se integrarem na acima citada companhia, sob a égide dos irmãos Fonseca e de Coelho de Carvalho, empresários de grande notoriedade e acentuado poder económico na região, dedicando-se não só ás pescas como ainda à marinha mercante. 

Estima-se que nos meados do séc. XIX aquelas armações capturavam entre 15 a 20 mil tunídeos por ano, faltando-nos porém dados estatísticos absolutamente fidedignos. Sabe-se, contudo, que o recorde das capturas por redes de cerco pertence às armações do Barril e Medo das Cascas, que no ano de 1881 pescaram respectivamente 46.825 e 40.729 atuns, de direito e de revés. Importa acrescentar que era o Algarve a única região do país onde se pescava o atum através das artes do cerco.
Apesar das vetustas tradições dessas artes e dos rendíveis proventos obtidos pelas várias armações que se lançavam na região, o certo é que no princípio do séc. XX diminuiu significativamente o número das armações de pesca lançadas na costa algarvia. Basta dizer que, passado o período das grandes encomendas suscitadas pela necessidade de abastecimento dos exércitos beligerantes na I Guerra Mundial, na zona do sotavento, que foi sempre a mais produtiva em capturas, restringiu-se ao lançamento anual de apenas seis armações, cujas concessões se distribuíam da seguinte forma: duas entre o Cabo de Santa Maria e Quarteira e as restantes quatro entre a barra da Fuzeta e Monte Gordo. O número de homens empregues na campanha anual dessas seis armações excedia as três centenas, cuja faina de captura se iniciava quando os tunídeos vindos do Atlântico se aproximavam do Mediterrâneo para desovarem. Era a chamada “pesca de direito” que decorria entre 1 de Maio e 30 de Junho, sendo após essa data desarmados os cercos que se lançavam entre o Cabo de Santa Maria e Quarteira. As restantes quatro armações permaneciam nos seus locais, dedicando-se entre 1 de Julho e 31 de Agosto à denominada “pesca de revés”, isto é, capturando os atuns que regressavam ao oceano após a desova.
No tempo em que a pesca do atum era abundante e não existiam ainda as fábricas de conservas, o administrador das armações ganhava por ano cerca de 180 mil réis. Era o único que tinha um salário fixo, porque todos os outros dependiam dos valores apurados no final da faina, pois que todo o cerco funcionava como uma espécie de sociedade. Quanto mais pescassem mais ganhavam. Já agora acrescente-se que o preço de um atum na segunda metade do séc. XIX oscilava entre 500 e 1000 réis, passando nos meados dos anos vinte do século seguinte para 500 a 800 escudos. Os lucros das empresas eram enormes, sobretudo após a República, embora os índices das capturas fossem muito inferiores aos da centúria oitocentista.
A primeira fábrica instituída no nosso país para a conservação do pescado foi a Casa Parodi, sediada em Vila Real de Santo António por volta de 1884. Nessa altura os atuns que chegavam à fábrica eram abertos, cortados aos pedaços e conservados em salmoura dentro de grandes pias subterrâneas, parecidas com as antigas cisternas algarvias. Os vapores que exalavam tinham de ser libertados pelos “respiradores” abertos nas paredes dessas caves, pois que a sua concentração era altamente perigosa para a saúde, não sendo raros os casos de trabalhadores incautos que aí pereceram ao inalar aqueles letais vapores. Os mercados para os quais se exportava, embalado em barricas de madeira, eram a Espanha e a Itália, ou seja, os mesmos que no tempo das conservas fizeram furor e encheram os bolsos dos grandes empresários estrangeiros aqui radicados.
No início da década de trinta do séc. XX a fábrica Parodi dispunha da mais moderna tecnologia para a transformação industrial de mil atuns por dia. As unidades de produção fabril pertenciam a empresários espanhóis, gregos, italianos e nacionais, que se espalhavam por Vila Real de Santo António, Tavira, Olhão, Lagoa e Portimão. Alguns desses empresários fabris constituíram famílias que se tornaram verdadeiros clãs da indústria pesqueira algarvia, de que ainda são exemplo os Feu, os Ramirez, etc.
As armações que se lançavam nas concessões sediadas nas costa de Faro, Tavira e Portimão, davam trabalho a mais de uma centena de homens e o sustento de muitas dezenas de famílias. A armação fervilhava de vida humana, em torno da qual se reunia uma espécie de sociedade pesqueira, sobrevivendo dos magros proventos da faina. Os níveis de pobreza eram flagrantes, mas tolerados por uma sociedade marcada pelas desigualdades sociais. A igreja, por sua vez, estando muito presente na vida quotidiana do pescador nada fazia para alterar a distribuição da riqueza pelos mais desfavorecidos. Ser pescador era sinónimo de pobreza, desnutrição, analfabetismo e exploração. A vida era encarada assim mesmo, sem queixume nem alternativa. Pobres e ricos coexistiam numa quotidiana urdidura de relações sociais e de dependências económicas tidas por normais, pacíficas e irreversíveis.
No topo do ordenamento profissional da armação do atum encontrava-se o mandador (espécie de chefe da sociedade), abaixo do qual se situavam dois preguiceiros, dois interinos e um escrivão. Por conseguinte, a armação enquanto empresa comportava apenas seis funcionários, desempenhando cargos de chefia e organização burocrática. O restante pessoal, mais de uma centena de homens, recebia um salário quase simbólico, já que o seu rendimento final dependia do apuramento global das capturas. Assim, estamos perante um cenário de socialização da riqueza, que se distribui desde o simples moço de fretes até ao barbeiro, ao boticário e ao médico, que são, estes últimos, os profissionais mais qualificados e respeitados da armação. O princípio geral que está por detrás desta sociedade é simples: quanto mais pescarem mais "ganharem".
A selecção e matrícula dos pescadores da armação realizava-se em meados de Março, e até ao final da primeira quinzena de Abril tinham de estar prontas as redes, os ferros, as bóias, o copo, etc. Na costa onde se espraiava o cerco formava-se o arraial, que era um pequeno aglomerado de casas de colmo para acomodar os pescadores durante o período de três a seis meses em que decorre a faina, no caso da armação ser lançada só de direito, ou de direito e de revés. O mandador entretanto vai estudando o espaço da concessão, cabendo-lhe decidir se o cerco deve ser lançado mais para a terra ou mais para o mar, mais para este ou para oeste, conquanto não ultrapasse os limites acordados na distribuição das concessões da pesca. Na véspera do lançamento da armação procede-se à benção das redes e restantes apetrechos, pelo pároco ou até mesmo pelo prelado da diocese, conforme a importância económica e social do empresário a que a mesma pertence. O sacerdote asperge com o hissope a água benta sobre as redes estendidas na areia e sobre as centenas de pessoas que coabitam o arraial, abençoando as almas e as alfaias numa simbiose de vida, entre a dependência económica e a crença divina. Uma enorme festa desponta no arraial, com foguetes e folguedos, mas também com preces e promessas aos santos de maior devoção para que a faina decorra com sucesso. Do apuro da armação dependerá o pão dos seus filhos nos dias frios e tempestuosos do inverno. A invocação mais generalizada é de Nossa Senhora, embora também não se esqueça S. Telmo, S. Pedro e até St.º António, ouvindo-se o povo, ajoelhado na praia junto às alfaias da pesca, entoar em coro a Salvé Rainha com fervoroso sentimento da mais pura religiosidade.

22 comentários:

  1. Há aqui um fotografia boa para o meu livro Algarve Ontem...

    Vou copiar, se não te importas.

    Um abraço.

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  2. Há uns tempos, andava a procurar informações acerca da pesca do atum em Quarteira. O que encontro? Um vazio abismal acerca de uma matéria que deveria ser exaltada, já que esta terra teve uma tradição nesse sentido. Ataíde Oliveira menciona, o Rei D.Carlos em 1898 menciona Quarteira e a sua armação do Forte novo e mais algumas fontes espalhadas. Tudo junto daria um tema muito interessante e digno de algo mais.
    Só queria dizer que o professor com este texto, acabou de me proporcionar uma série de novas informações que desconhecia e que me vão ajudar a orientar melhor a minha investigação.

    Gostei muito da sua participação acerca da cultura da cana do açúcar em Quarteira. Se conseguisse "jogar" a mão à revista «Actividades Económicas; 22» de 1959 onde surge o tema «Cultura de cana do açucar em Quarteira» poderia escrever algo igualmente nesse sentido.

    Cumprimentos,

    João Santos

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  3. Prezado João Santos
    Obrigado pelas suas palavras. Tomei-as em boa nota.
    Quanto ao artigo da revista «Actividades Económicas», tenho a certeza que se trata daquele que nesse ano saiu em separata da autoria do Dr. António de Sousa Pontes, que se não me engano era natural aí de Quarteira. Vou tentar fotocopiar o que possuo acerca do assunto e depois envio-lhe o material.
    Já agora deixe-me lembrar-lhe que o Sousa Pontes escreveu ainda os seguintes opúsculos:
    Gorduras e sabões - O aproveitamento integral dos sabões - Máquinas económicas de lavar roupa, [S.l.), Ed. Parceria A. M. Pereira. 1949.
    A pesca do atum esse desconhecido, Lisboa, Rev. Actividades Económicas, 1956.
    A cultura da cana do açúcar em Quarteira, Lisboa, Ed. Actividades Económicas, 1959 (separata).
    Os morgados de Quarteira, 1960.
    Vultos históricos do Algarve - uma página de nobreza para Quarteira, Armação de Pera, ed. Junta de Turismo, 1968.
    Creio que ainda escreveu mais alguma coisa, de que não me recordo agora. Em todo o caso lembro-me de ter lido dele no «Correio do Sul» dezenas de artigos de grande interesse regionalista.
    Um abraço do amigo Vilhena Mesquita

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  4. Excelente trabalho e uma boa triagem de optima informação :)

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  5. Preciso documentar -me acerca da vida profissional dum cidadão português ,natural de Armação de Pêra que nas décadas de 30 a 50 exerceu o cargo de mandador da armação de atum do Cabo de Sta .Maria ,com imenso sucesso ,sabedoria e mestria , designado por Mestre José Simão .Se alguém conhecedor da matéria e que esteja disponível a divulgá -la ,ficar-lhe ei imensamente grato .

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    1. Boa tarde,

      Só agora li o seu comentário. Sou o filho mais velho de José Simão da Silva, e se desejar poderá entrar em contacto comigo.

      Cumprimentos,

      José Vitor Silva (josevjsilva@gmail.com)

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    2. Boa tarde,

      Só agora li o seu comentário. Eu sou o filho mais velho de José Simão da Silva, se desejar poderá entrar em contacto comigo.

      Cumprimentos,

      José Victor Silva

      Eliminar
  6. Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote(87anos)embora seja natural de Boliqueime,uma terra de camponeses,
    gostei imenso de ler esta bela e precisa descrição da pesca do atum e dos aspectos sociais das gentes do mar.Eu,quando rapaz de 16 anos,fui algumas vezes com outros companheiros à praia de Quarteira para puxar a rede da arte xávega na esperança de trazermos algum peixe,o
    que nem sempre acontecia,pois dependia da porção
    de peixe que a rede trazia e também da boa ou má vontade do mestre da arte que olhava para nós como serrenhos,sabendo que nós também os
    chamava marrachos.E sem peixe no cêsto,depois de passar uma noite na praia,de ter «alado» a
    rede e de ter palmilhado a distância de ida e volta que separa Boliqueime da terra Quarteira.

    De Boliqueime também sou eu,
    mas não alinho com Cavaco,
    sou filho da Plebe,sou plebeu,
    sou um algarvio de pataco.

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  7. Caro José Gonçalves Cravinho
    Apreciei imenso o seu comentário, que considero um documento, vivo e presencial, sobre a História das Pescarias no Algarve. Fiquei a saber mais, muito mais, sobre o passado das nossas pescas, graças ao seu depoimento.
    A sua quadra é igualmente muito interessante, reveladora da verve poética de todo o algarvio que se prese como tal.
    Peço-lhe que acompanhe os meus blogues, e que os comente sempre que possível com o seu vivo testemunho e paixão algarviísta.
    Obrigado pela sua colaboração.
    Vilhena Mesquita

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  8. Chamo-me Cipriano Filipe e é com agrado que leio alguns comentários acerca da pesca,com destaque para Quarteira.Neste momento está na forja a ideia de revitalizar a arte chávega aqui na terra,para isso temos que criar uma associação e para isso precisamos de pessoas,neste momento somos dois e precisamos de mais gente para que a nossa terra possa vir a ter uma arte que foi emblemática da nossa zona.Precisamos de pessoas,quem estiver interessado aqui fica o meu site ciprianofilipe@gmail.com

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  9. Fantástico artigo que descobri por acaso quando um amigo meu teimava que no Algarve não se pescavam atuns. Felismente o Google, merecidamente, coloca-o num lugar cimeiro. Sou do Norte e conheço mal o Algarve, e até à pouco estava relutante em fazê-lo, mas digo orgulhosamente que nestes 2 últimos anos em que o visitei (por apenas 7 dias de cada vez), apenas fiz 2 dias de praia, o resto do tempo passei-o a tentar descobrir o mais possível, o que está para além dos mamarrachos, e fiquei agradavelmente surpreendido, embora muitas vezes as pessoas que estão nos postos de turismo não tenham a melhor preparação e algumas até brio, para melhor dar a conhecer a sua região e não simplesmente distribuírem mapas da zona ou da cidade. Espero que os Algarvios reencontrem ainda mais a sua origem e cultura e que a dêem a mostrar ao resto do país e do mundo. Que não sejam os eternos prisioneiros do sol que os abençoa, mas que traz também a cobiça e ganância alheias.
    Bem haja por estes seus escritos e que a memória da Internet seja como dizem… Infinita! :)

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  10. Fico-lhe muito grato pelas amáveis palavras. Na verdade o Algarve não deve ser confundido com a imagem criada pelos empresários do turismo de massas. Esta região não é somente mar, praia e sol; bem pelo contrário, tem um património histórico e religioso muito apreciável e significativo, que, como aconteceu consigo, proporciona aos turistas agradáveis prazeres e insuspeitas descobertas. Cidades como Lagos, Silves, Tavira e Castro Marim, merecem uma visita atenta. Numa próxima oportunidade não deixe de as visitar.
    Um abraço, e volte sempre ao convívio deste blogue.

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  11. OLÁ ALGUEM TEM FOTOS DE UMA BARCA EM MONTE GORDO ANOS 1960/1970 CHAMADA (LÁ VAI ELA)E OUTRA (MARIA DAS MERÇÊs),eram do meu avô SE TIVEREM GOSTARIA DE AS VER , PUBLICA OU MANDA PARA a.r.alfaro@hotmail.com obrigado

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  12. Boa tarde,

    Preciso de informação sobre o início da Companhia de Pescarias Barril ou Três Irmãos.
    Grata, pela atenção a dispensar

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  13. Muito obrigado pelo seu artigo. Trabalhei como observador e consultor durante 3 anos no programa de captura do rabilo - bluefin - que agora é controlada pela comissão internacional (ICCAT) e foi com muito agrado que introduzi nas formações que dava algum do conteudo aqui presente. Como para grande parte dos comentadores esta informação também foi uma novidade, mas sabendo que as cotas establecem-se de acordo com o histórico de registos, de certo modo muito elucidativa. Este peixe sempre foi e continua a ser o mais valioso do mar... Porque é que esta informação não chegua ao grande publico, apesar da sua ENORME IMPORTANCIA?
    A cota para os paises do Mediterraneo é actualmente cerca de 13500 T e a Portugal corresponde apenas 2,5% com 35T ano...

    Quem fica a ganhar com este esquecimento? Será que os representantes políticos estam a reivindicar uma cota justa?

    Com os melhores cumprimentos.
    Mário Pedro

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    1. Prezado Mário Pedro
      Muito obrigado pelas suas elogiosas palavras. Fico-lhe muito grato por ter divulgado o meu apontamento sobre a pesca do atum. De facto ele faz parte de um livro (que corresponde a um trabalho de índole académica), escrito em 1988, para as minhas Provas de Aptidão Científica e Capacidade Pedagógica. Trata-se de um desenvolvido trabalho sobre as Pescarias do Algarve, da Antiguidade ao Liberalismo, defendida no 2º dia das referidas Provas, de forma esquemática e durante 60 minutos, como se correspondesse a uma lição. Esse livro, com cerca de 150 pp, continua inédito. O mesmo acontece aliás com a minha tese de doutoramento, que também não foi publicada, visto ser muito grande.
      Quanto à nossa quota de captura dos tunídeos, creio que se deve à falta de preparação dos nossos políticos e à sua pouca importância nos fóruns internacionais. É claro que eles dispõem de conselheiros e assessores, mas esse pessoal é recrutado dentro dos partidos, e corresponde a gente de baixíssima formação científica, geralmente ligada às ciências sociais, que valoriza unicamente os aspectos políticos, e acima de tudo os seus interesses pessoais. Normalmente nos acordos das quotas de pesca estão sempre por detrás certas "prendas" que o público, e até mesmo os restantes elementos do governo ignoram. As conferências internacionais, de que resultam os mais importantes acordos económicos, são acompanhadas por representantes das grandes casas financeiras. Porque será? Olhe bem para os nossos ex-ministros das Pescas e do Mar, veja se algum deles está a viver medianamente. É que nenhum deles é parvo, e todos sabem que a principal riqueza do nosso país está no mar, e não é só nas pescas. Não me vou alongar mais nesses aspectos, porque o que tem desgraçado o nosso país é a falta de honestidade e de consciência patriótica dos nossos políticos. A partidocracia arruinou uma nação com nove séculos de história, considerada justamente a mais antiga da Europa. Temo que em breve os políticos que temos nos transformem numa região administrativa de Espanha.

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    2. Caro MBP,
      2,5% de 13500 são ~350; presumo que quereria dizer 350 toneladas e não 35.
      Cumprimentos,
      Orlando Leitão
      Faro

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  14. Muito obrigado pelo seu artigo. Trabalhei como observador e consultor durante 3 anos no programa de captura do rabilo - bluefin - que agora é controlada pela comissão internacional (ICCAT) e foi com muito agrado que introduzi nas formações que dava algum do conteudo aqui presente. Como para grande parte dos comentadores esta informação também foi uma novidade, mas sabendo que as cotas establecem-se de acordo com o histórico de registos, de certo modo muito elucidativa. Este peixe sempre foi e continua a ser o mais valioso do mar... Porque é que esta informação não chegua ao grande publico, apesar da sua ENORME IMPORTANCIA?
    A cota para os paises do Mediterraneo é actualmente cerca de 13500 T e a Portugal corresponde apenas 2,5% com 35T ano...

    Quem fica a ganhar com este esquecimento? Será que os representantes políticos estam a reivindicar uma cota justa?

    Com os melhores cumprimentos.
    Mário Pedro

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    1. i totally agree and truly hope so.
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      obrigada José Carlos Vilhena Mesquita
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  16. Caro JCVM,
    Li com interesse o seu artigo pois toca temas que me interessam: pescas, Algarve, história da alimentação.
    Deixo-lhe algumas notas e correcções.
    1. Os acantopterígios são uma classe de peixes e não um género. O género é o segundo "degrau" na classificação científica (taxonomia) imediatamente acima da espécie - eventualmente poderia ser o 3º "degrau" se se considerarem as subespécies; a classe está praticamente no topo da hierarquia taxonómica apenas abaixo do filo e do reino.
    2. As espécies de (verdadeiros) atuns (género Thunnus) que podemos encontrar em águas nacionais são basicamente quatro: rabilo (T. thynnus), albacora ou galha-à-ré (T. albacares), voador (T. alalunga) e patudo (T. obesus). Destas, passam pelo Algarve a caminho ou no regresso do Mediterrâneo duas: o rabilo (a principal presença na costa algarvia) e também, mas em muito menor escala, o voador. As outras duas espécies não se encontram no Mediterrâneo e, portanto, são raríssimas no Algarve embora apareçam frequentemente nos Açores e Madeira. Menciona Thymus (talvez Thynnus?) brachyterus mas não faço a mínima ideia a que peixe se refere. No entanto, posso adiantar-lhe que grande parte das conservas de atum não são feitas de Thunnus mas de outros géneros/espécies como seja o sarrajão - serra nos Açores e Madeira - (Katsuwonus pelamis) e o bonito (Sarda sarda).
    3. A arte do "cerco" é a técnica utilizada em Portugal para a pesca da sardinha e outras espécies e, portanto, muito diferente das armações para o atum e muitíssimo diferente da também tradicional salto e vara usada nos Açores e Madeira para os atuns. Embora infelizmente cada vez mais se utilize o cerco para rabilos e albacoras na depredadora pesca intensiva principalmente no Pacífico.
    4. O roaz (Tursiops truncatus) também é conhecido por roaz-corvineiro ou de modo muito genérico por (um dos) golfinho(s); o nome golfinho-nariz-de-garrafa não passa de uma tradução literal do nome em inglês (bottlenose) que se deve evitar.
    5. Apreciei devidamente o resumo da história das armações de atum no Algarve com a identificação de locais e pessoas.
    Cumprimentos,
    Orlando Leitão
    Faro

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