Frederico Ramirez, em jovem |
A figura histórica de Frederico Ramirez, está hoje muito injustamente esquecida, e não merece ser apagada da da memória das gerações vindouras, porque devemos à sua inteligência e espírito empreendedor a fundação da primeira fábrica de conservação da pesca da sardinha e do atum, mercê da qual podemos designar como o início da revolução industrial no Algarve.
Esbocemos a traço largo uma síntese biográfica deste notável industrial algarvio.
Frederico Alexandrino Garcia Ramirez, de seu nome completo, foi uma figura proeminente da política nacional e regional, um talentoso engenheiro civil e um criativo industrial, que nasceu em Vila Real de St.º António a 26-11-1869 e faleceu naquele burgo pombalino a 30-10-1935, aos 66 anos de idade, quando muitos projectos havia ainda para concretizar na sua actividade empresarial.
Iate D. Amélia, no qual viajou Frederico Ramirez com o Rei D. Carlos nas suas visitas ao Algarve |
Filiado no Partido Progressista chefiou durante largos anos os interesses dos seus correlegionários no Algarve, que representou com sacrifício dos seus interesses pessoais na capital, durante a vigência dos seus mandatos como deputado à Assembleia. Durante a sua permanência no hemiciclo exerceu durante largos anos as trabalhosas e complicadas funções de relator da Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados. Em algumas das legislaturas desempenhou também o cargo de primeiro secretário daquela nobre assembleia.
A determinada altura foi Governador Civil de Faro, num momento assaz delicado pelas circunstâncias políticas, mas desempenhou aquelas funções a contento dos interesses nacionais.
Exposição internacional de produtos Cocagne, marca que a Ramirez exportou para a Bélgica desde 1906 |
A partir do regicídio retirou-se da vida política, mas não da vida activa. Mesmo depois da implantação da República nunca virou a cara à luta pelos interesses nacionais, dispondo-se a servir a pátria quando disso se tornasse indispensável. Assim aconteceu em 1915, aceitando integrar a comissão portuguesa que foi a Madrid discutir o candente problema das águas jurisdicionais, de primordial importância para a salvaguarda os interesses industriais das pescarias no Algarve.
Lata de atum Ramirez |
Os seus largos proventos económicos advinham-lhe das circunstâncias de ser considerado um dos maiores industriais conserveiros do Algarve, cujas unidades fabris, sediadas em Vila Real de St.º António davam emprego a centenas de operários.
Também se dedicou à agricultura, com grande carinho e desvelo, a ponto de dirigir pessoalmente certas sementeiras experimentais nas suas vastas propriedades situadas em Cacela e em Castro Marim, cujos meios técnicos empregues no amanho das terras foram considerados paradigmática para o desenvolvimento do sector na região.
Conselheiro Frederico Ramirez |
Era, à data do seu passamento, já viúvo de D. Maria Garcia Ramirez, de quem teve os seguintes filhos: eng.º Sebastião Ramirez, ministro do Comércio e Indústria do primeiro governo de Salazar; D. Maria Emília Ramirez de Sanches, Mário Garcia Ramirez e D. Maria das Dores Ramirez de Vasques Garcia. Importa acrescentar que era irmão de Manuel Garcia Ramirez, reputado industrial conserveiro na foz do Guadiana.
Ao seu funeral, iniciado em Lisboa e concluído no dia seguinte em Vila Real de St.º António, compareceram as principais entidades do país, vários ministros, um representante do presidente da República e até o próprio Doutor Oliveira Salazar, que acompanhou na dor o filho, seu ministro e particular amigo, Sebastião Ramirez.
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