A escritora Marisabel Fogaça |
Pseudónimo literário da escritora e publicista
Maria Isabel Fogaça Xavier, nascida na freguesia da Mexilhoeira Grande,
em Portimão, a 15-11-1914, e falecida em Lisboa, a 20-1-1985. Era filha de Francisco José Xavier, e de Maria Júlia Leal Fogaça.
Realizou os preparatórios na terra natal, seguindo
depois para Faro onde concluiu o Magistério Primário. Exerceu durante alguns
anos, mas um casamento muito jovem, com Hugo Limpo de Negrão Buísel, e a necessidade de angariar maiores
proventos afastou-a da docência e do Algarve. Foi trabalhar como funcionária de
uma grande empresa de Lisboa, subindo na escala da competência e da confiança
profissional até quase à intimidade da direcção, que depositava no seu trabalho
a maior credibilidade.
Anos mais tarde foi para Angola, tendo colaborado
assiduamente na Rádio Clube de Angola.
Marisabel Fogaça ficou conhecida no meio literário
nacional como uma escritora de mediana qualidade, tendo como público alvo a
mulher jovem e pouco instruída, romântica e sensível, para a qual não interessa
escrever de forma rebuscada e muito elaborada. O que importava, sim, era escrever
num estilo claro, simples e pouco exigente, mas sempre empolgante, com
traições amorosas, ciladas dos colegas de trabalho e denúncias perjurosas,
amizades desfeitas por velados interesses económicos, relações paralelas e,
equívocos dramáticos, enfim toda uma panóplia representativa das misérias
humanas, entrecortada por deslealdades, frustrações, angústias, suicídios, etc.
Não há dúvida nenhuma que os seus livros não passaram incólumes, nem aos olhos
da crítica nem dos seus leitores. Em certos casos chegaram a atingir grandes
vendas, como foi o caso de do romance Manuela, publicado em 1945, que alcançou
a 8.ª edição, vendendo milhares de exemplares.
Como escritora, Marisabel Fogaça começou a
revelar-se na literatura infantil, escrevendo vários livrinhos muito
interessantes e instrutivos, de grande utilidade para a formação moral,
religiosa e educativa das crianças. Aventurou-se também na poesia, mas apenas
com uma ligeira e infrutífera tentativa, de que resultaria pouco mais do que Nada,
Nada, título aliás mal conseguido até por ser em parte coincidente com um
livro Júlio Dantas, precisamente aquele com que se estreou nas letras em 1897.
Toupeiras Humanas, romance realista de grande sucesso literário |
Como publicista, Marisabel Fogaça dispersou
colaboração por vários quadrantes nacionais, desde o antigo jornal «Ecos de
Belém», passando ao «Jornal dos Açores», avançando para «A Província de Angola»
e terminando na conceituada revista feminina das «Modas e Bordados».
Interessante livro infantil, que passou praticamente desapercebido à crítica |
Maria Isabel Fogaça, teve uma filha, Maria Júlia Fogaça Buísel, nascida em Portimão a 13-3-1939, que viria a ser actriz de cinema, trabalhando com o famoso cineasta Manoel de Oliveira que a convidou para integrar a sua equipa da realização, tornando-se anotadora, assistente de produção e por fim seu braço direito na realização. Dessa amizade nasceu a obra Manoel de Oliveira - Fotobiografia, que Júlia Buísel deu à estampa em 2002, editada pela Livraria Figueirinhas. Em 2012, Júlia Buísel escreveu uma obra notável sobre o cinema português, intitulada Antes que me Esqueça, na qual relata algumas histórias pessoais passadas nos bastidores de realização de alguns dos mais importantes filmes da nossa cinematografia.
Resta acrescentar que Maria Isabel Fogaça antes de falecer, ofereceu a sua vasta biblioteca particular à Casa do Povo da Mexilhoeira
Grande.
Da sua lista de obras fazem parte os seguintes
títulos: Poesia – Nada, Nada,
1960. Romance – A plebeia com alma
de rainha, 1942; Manuela, 1945; Toupeiras humanas, 1946; Amor diferente, 1947;
Negrita de olhos verdes, 1948; Comediante, 1948; Destinos, 1949; Herdei uma mulher!, 1950; Katia, cigana ou princesa? 1951; Um marido a prestações, 1951; O oitavo mandamento, 1952; Dénye, 1953; Mulheres sem sexo,
1955; Não sei quem sou, 1955; Cristiana... e eu, 1956; Eu não sabia,
1956; Pequenina, 1957; Almas sem Deus, 1958; 333, 1960; Menti! Que Deus me perdoe..., 1960; A outra face de Deus, 1972. Literatura
infantil - Amendoeiras em flor,
1941; A lei de Deus, 1945; História maravilhosa do pastor mineiro,
1947; História maravilhosa do príncipe
pastor, 1947; Psxiu... Jesus vai
contar..., 1947; Escutem... que vou contar, 1949; A vingança de Mérty,
1949; A princezinha bago de milho, 1954; A bota do tio André,
1954; A Força dos Fracos; Assim Nasceu o Algarve.
(extraído do meu «Dicionário da Imprensa Algarvia», ainda inédito)
(extraído do meu «Dicionário da Imprensa Algarvia», ainda inédito)
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