Uma das perguntas que há tempos um dos meus alunos me colocou, foi a de saber se eu tinha conhecido o Palácio Lã em Faro. Isso fez com que me lembrasse de reunir alguns apontamentos que tenho em fichas, mal ordenadas e já hoje quase por mim esquecidas, sobre algarvios notáveis. Vejamos o que possuo sobre o assunto.
Quem construiu a residência apalaçada da família Lã, demolida no princípio dos anos oitenta do século passado para no seu lugar se erguer o actual Edifício Tridente, foi o sr. Modesto Gomes Reis, proprietário do renque de habitações que no lado fronteiro ocupavam o quarteirão de fogos operários e armazéns industriais.
Essa casa, de traço e decoração sevilhana, mandara-a construir o Modesto Reis para sua própria residência, numa clara afirmação do seu sucesso empresarial e do seu poder económico. Os meios de fortuna de que dispunha, em significativa abundância, provinham das suas fábricas de fiação, de algodão e linho, concentradas no quarteirão que se estendia desde o local onde actualmente se encontra o edifício da Região de Turismo até ao cruzamento com a rua Bernardo de Passos, de acesso ao Jardim João de Deus, vulgo da Alameda.
É de realçar que para se construir o Liceu de Faro, edifício que constitui hoje a Escola Tomás Cabreira, houve que contar com a benemerência do Modesto Reis, para a cedência de algumas casas e terrenos actualmente integrantes daquele amplo complexo educativo.
Importa desde já acrescentar que o Modesto Reis era de origens espanholas, creio que de famílias da Andaluzia, o que não é para admirar, pois grande parte da indústria algarvia dos meados do séc. XIX foi aqui implantada por espanhóis, sobretudo das terras meridionais. Ao que sei, era parco de instrução, faltava-lhe polimento e finura de trato, tinha atitudes rudes e gestos boçais. Em contrapartida, era esforçado no trabalho e muito persistente nos negócios, apesar de desconfiado e ardiloso. Tinha espírito criativo e empreendedor. Desdenhava dos burgueses ricos a quem chamava de “finórios” e tinha verdadeiro asco aos argentários, a quem chamava de “sanguessugas”.
O Modesto tinha três filhas, que segundo consta eram bonitas e muito prazenteiras, as quais se integraram muito bem na sociedade. Além de simpáticas eram apreciadoras da música e da poesia, causando assolapadas paixões entre os cultores de Orfeu...
Casaram as três com algarvios, que formaram respeitáveis famílias na sociedade do seu tempo. Porém, mais tarde, com a morte do Modesto Gomes Reis, as filhas herdaram os imóveis e as indústrias, que, por razões várias, sobretudo por vicissitudes externas, tiveram de vender ao empresário João Francisco Lã, creio que natural dos arredores de Lisboa, oriundo de uma família de comerciantes com negócios e relações no Algarve.
Foi esta família Lã quem comprou a vivenda do Modesto Reis, que após alguns melhoramentos a transformou naquilo a que o vulgo chamou de “Palácio Lã”. Mas este empresário era também aquilo a que em Lisboa se chamava um novo-rico, ou seja, alguém que enriquecera à custa das novas oportunidades suscitadas pelas alterações políticas do novo regime republicano. Quem o conheceu dizia que não era menos rude do que o Modesto Reis, pelo que o velho palácio em estilo neo-islâmico continuava a ser residência de príncipes... do dinheiro.
A origem da fortuna dos Lã enraizava-se no negócio de importação e exportação de produtos alimentares e de primeira necessidade, especialmente de café, açúcar, cereais e leguminosas, trigo, cevada, aveia, feijão e grão, além de frutos secos, amêndoa, figo, vinhos e aguardentes. Mas foi a transformação industrial do azeite e da alfarroba que mais lucros lhes proporcionaram. Era no Largo do Carmo, na esquina com a rua da Fonte do Bispo, que se situavam as mercearias e armazéns de venda, por grosso e a retalho, da família Lã. As indústrias, os lagares e destilarias, continuavam a ocupar os quarteirões iniciais da actual avenida 5 de Outubro. Nos finais dos anos setenta, que foi quando vim morar para a Rua Eça de Queirós, conheci não só as velhas instalações industriais como ainda os bairros onde residiam ainda muitos dos antigos operários.
A título de curiosidade, faço aqui lembrar que quando o general Carmona efectuou a primeira das duas visitas presidências que realizou ao Algarve, ficou instalado no edifício do Departamento Marítimo do Sul, pouco depois devolvido à Igreja para nele ser reinstalado o Paço Episcopal; mas alguns dos ministros e membros da sua comitiva oficial instalaram-se na majestosa residência que o vulgo designava por “Palácio Lã”. Nessa altura, foram tão magnificamente recebidos e tratados pela família anfitriã, que o governo, com a anuência do próprio Presidente Óscar Carmona, decidiu agraciar o João Francisco Lã com o grau de Cavaleiro de uma ordem militar, creio que de Cristo, pelo que o vulgo, com a subserviente deferência da época, passou a tratá-lo por “Senhor Comendador”.
Em abono da verdade, devemos afirmar que a Família Lã obteve grande notoriedade na sociedade farense, sobretudo nas décadas de trinta até sessenta do século XX, devido à projecção empresarial dos seus negócios. Por isso se compreende que alguns dos seus membros tenham sido convidados a desempenhar alguns cargos públicos importantes, nomeadamente na autarquia farense e nos grémios associativos relacionados com o comércio e a indústria. Um dos seus filhos, José Francisco Lã, desenvolveu uma grande paixão pela aviação, tornando-se amigo muito dedicado dos principais pilotos aviadores da aeronáutica civil e militar do seu tempo. Digamos que durante quarenta anos o “Lã Aviador” foi não só um pioneiro da aviação no Algarve, como ainda o seu maior impulsionador, divulgando iniciativas nacionais e internacionais, criando um clube de aviadores e recrutando instrutores para o ensino da pilotagem aérea. Ao seu esforço se ficou ainda devendo construção de uma pista improvisada no sítio da Meia Légua para a aterragem de pequenas aeronaves. Nessa pista chegou a aterrar, mais do que uma vez, o seu íntimo amigo General Humberto Delgado que na sua casa era sempre recebido da forma mais efusiva e entusiástica.
Os algarvios, na sua acirrada e, por vezes, inconveniente ironia, apelidavam jocosamente o José Francisco Lã como “Ministro do Ar”, epíteto que, aliás, não lhe passava desapercebido. Era natural da Fuzeta, e faleceu em Maio de 1975, com 73 anos de idade. Os seus dois filhos foram igualmente importantes cidadãos: Maria da Encarnação Silveira Lã Fernandes Correia, foi uma notável Inspectora do Instituto de Oncologia, e o José Silveira Lã, foi um competente e muito dedicado funcionário da Comissão Regional de Turismo do Algarve.
Foi o último do clã, porque o seu irmão mais velho, João Francisco Lã Júnior, o grande impulsionador dos negócios herdados do patriarca da família, morrera em Faro, vinte anos antes, a 5-10-1954, com 60 anos de idade, depois de umas férias de intensa pesca desportiva na vila de Sagres, de onde regressara bastante doente. Dotado de um apurado sentido empreendedor e de grande inteligência, expandiu os negócios que do pai herdara, tornando-se num dos mais prestigiados comerciantes da praça de Faro, com capital investido em diversas firmas algarvias, o que lhe permitia manter interesses financeiros em diversos sectores ao mesmo tempo. Em todo o caso era no mercado das hortícolas, dos frutos secos, azeites, vinhos e cortiças, que mais se evidenciou, mantendo avultados negócios no estrangeiro. As suas relações internacionais com diversos países europeus e com as nossas antigas colónias permitiram-lhe dispor de meios financeiros capazes de se tornar num dos homens mais ricos do Algarve. O prestígio de que gozava entre os seus pares valeu-lhe a eleição para Presidente do Grémio dos Exportadores de Frutos e Produtos Hortícolas do Algarve. Além disso desempenhava as honrosas funções de director-tesoureiro da Caixa de Abono de Família do distrito de Faro.
Por fim, o seu primo, António Lã, natural de Mira d’Aire, e notável armazenista de mercearias em Faro, que desempenhara vários cargos públicos, nomeadamente em 1934 na vereação municipal, e, mais tarde, na Comissão Municipal de Turismo, onde se manteve muitos anos, viria a falecer, também nesta cidade, em Agosto de 1974, com 69 anos de idade.
Os algarvios, na sua acirrada e, por vezes, inconveniente ironia, apelidavam jocosamente o José Francisco Lã como “Ministro do Ar”, epíteto que, aliás, não lhe passava desapercebido. Era natural da Fuzeta, e faleceu em Maio de 1975, com 73 anos de idade. Os seus dois filhos foram igualmente importantes cidadãos: Maria da Encarnação Silveira Lã Fernandes Correia, foi uma notável Inspectora do Instituto de Oncologia, e o José Silveira Lã, foi um competente e muito dedicado funcionário da Comissão Regional de Turismo do Algarve.
Foi o último do clã, porque o seu irmão mais velho, João Francisco Lã Júnior, o grande impulsionador dos negócios herdados do patriarca da família, morrera em Faro, vinte anos antes, a 5-10-1954, com 60 anos de idade, depois de umas férias de intensa pesca desportiva na vila de Sagres, de onde regressara bastante doente. Dotado de um apurado sentido empreendedor e de grande inteligência, expandiu os negócios que do pai herdara, tornando-se num dos mais prestigiados comerciantes da praça de Faro, com capital investido em diversas firmas algarvias, o que lhe permitia manter interesses financeiros em diversos sectores ao mesmo tempo. Em todo o caso era no mercado das hortícolas, dos frutos secos, azeites, vinhos e cortiças, que mais se evidenciou, mantendo avultados negócios no estrangeiro. As suas relações internacionais com diversos países europeus e com as nossas antigas colónias permitiram-lhe dispor de meios financeiros capazes de se tornar num dos homens mais ricos do Algarve. O prestígio de que gozava entre os seus pares valeu-lhe a eleição para Presidente do Grémio dos Exportadores de Frutos e Produtos Hortícolas do Algarve. Além disso desempenhava as honrosas funções de director-tesoureiro da Caixa de Abono de Família do distrito de Faro.
Por fim, o seu primo, António Lã, natural de Mira d’Aire, e notável armazenista de mercearias em Faro, que desempenhara vários cargos públicos, nomeadamente em 1934 na vereação municipal, e, mais tarde, na Comissão Municipal de Turismo, onde se manteve muitos anos, viria a falecer, também nesta cidade, em Agosto de 1974, com 69 anos de idade.
MEU CARO PRFESSOR E AMIGO.
ResponderEliminarVIVA.
Aqui respira-se FARO - a minha cidade - e a sua cultura.
Conheci a família Lã,apenas de nome.
Dir-lhe-ei por agora, que o seu trabalho, no blogue em geral, é cuidado e de muito boa qualidade, como se espera dos seus trabalhos.
Vou ler este artigo com atenção e dizer-lhe alguma coisa.
Vou participar e convidar amigos para virem até aqui.
Ab.
João Brito Sousa
Prezado Amigo:
ResponderEliminarMuitíssimo obrigado pelas suas palavras. São incentivos como o seu que me fazem avançar e continuar a publicar este Blog.
Em relação à Família Lã, existem ainda certamente muitos descendentes, nomeadamente na Fuzeta, onde se radicou um dos braços familiares com negócios semelhantes ao de Faro, isto é, de armazenista para abastecimento do comércio retalhista.
Gostaria muito de possuir uma foto do velho Palácio Lã, que conheci muito bem, porque passava junto aos seus portões todos os dias quando subia a Avenida 5 de Outubro. Aliás acordei numa madrugada de Sábado com o barulho dos buldozers a arrasarem literalmente o edifício, juntamente com o pouco que restava dos antigos jardins. Só não tive a coragem de apanhar os milhares de azulejos que jaziam sobre o passeio da avenida e que nessa tarde forem carregados a esmo pelo antiquário que ainda hoje subsiste junto às "portas do Mar" em Faro. Os sucateiros levaram os portões e as estatuetas do jardim. Naquele fim-de-semana, de cujo mês já não me recordo, a cidade clamava contra tão monstruoso atentado ao património local. Lembro-me que nesse dia fui à matiné do Cinema Stº António e não se falava doutra coisa. Acho que nessa altura a Câmara nada fez para impedir a sua demolição, limitando-se a registar a ocorrência.
Se conhecer alguém que me possa arranjar uma foto do palácio fico-lhe muito grato.
Venha sempre que puder visitar os meus blogs. Não se esqueça do meu blog «Promontório da Memória» que também tem muita coisa com interesse.
Um abraço do Vilhena Mesquita
ALÓ PROFESSOR,
ResponderEliminarViva,
A sua entrega e dedicação à cultura fascina-me .
Uma pesssoa que não é natural da cidade, dedica-lhe tempo, atenção, preocupação, paixão, carinho e...
É notável.
Quanto à foto que me fala, vou contactar a rapaziada e, se me autorizar, do seu comentário, vou fazer um post para colocar no blogue dos costletas da Tomaz Cabreira,porque cultura é para todos e com todos...
E o palácio Lã faz parte do património cultural da cidade.
Da minha cidade.E também sua creio, meu caro Prof.
Uma nota: convidei o Dr.Varela Pires, um grande vulto da ciência, da literatura, do jornalismo e da poesia, para estar aqui connosco. E fiz o mesmo ao costeleta Jorge Tavares, muito bom cronista entre outras...
Respeitosamennte,
JOÃO BRITO SOUSA
Eu passava todos os dias pelo palácio quando descia a Avenida desde o Liceu .
ResponderEliminarLembro-me que estava abandonado e suscitou-me sempre curiosidade por aquela arquitectura esquisita, lembro-me que tinha junto à porta uns canteiros de flores forrados a azulejos !
Lembro-me do Portão em ferro forjado muito bem feito, por onde se via a porta de entrada !
Obrigado, amigo, pela sua colaboração neste blog.
ResponderEliminarDe facto é como diz, nos anos setenta todos os alunos que do Liceu desciam a Avenida 5 de Outubro em Faro lembram-se do Palácio Lã, da sua envolvência ajardinada, da sua esquisita arquitectura, dos seus longos e altos muros e dos seus ricos painéis azulejados. Tudo se perdeu para dar lugar ao mamarracho edifício "Tridente". Só tenho pena de não possuir uma foto do chamado Palácio Lã.
Volte sempre a este Blog. A sua participa~ção é muito útil e sempre bem-vinda.
Um abraço do Vilhena Mesquita
Caro Prof. Vilhena Mesquita, o meu nome é Ricardo Gomes, sou natural de Faro, onde vivi até aos 20 anos de idade, quando fui para Londres estudar e depois para Lisboa. Hoje, com 30 anos vivo na Nazaré, dado que aqui arranjei trabalho e casei. Procuro no entanto oportunidade para voltar à minha cidade. Sempre vivi e vivo a minha cidade com grande intensidade e pelo menos uma vez por mês estou em Faro. Fui criado na Av. 5 de Outubro, uma vez que a minha avó vivia ai e lembro-me bem do Palácio dos Lãs e de brincar nos (já decrepitos) jardins entre os anos 1980 - 83., dado que o imponente portão de ferro estava partido. Lembro-me ainda das ruinas dos barracoes onde hoje se situa o Turismo do Algarve.No decurso da minha formação académica (tirei Relações Internacionais e Ciência Política) nas cadeiras de História Diplomática deparei-me várias vezes com textos e notas do Conde de Burnay que tecia rasgados elogios corporativos à familia Gomes Reis. Há mesmo registos de correspondência entre alguns descendentes (filhos, genros e netos) do Conde de Burnay e membros da familia Lã. Em 2001 o Palácio Galveias em Lisboa acolheu uma exposição sobre o Conde, onde se falava na possibilidade não confirmada da familia Lã ter sido sócia em alguns empreendimentos do Conde, especialmente em Espanha e no Banco Fonsecas & Burnay, que curiosamente em Faro, funcionou no edificio que substituiu o Palácio Lã.
ResponderEliminarGostaria ainda de o felicitar sinceramente por este blog fantástico, que aproxima decisivamente os algarvios com o Algarve. Permita-me que lhe pergunte como posso adquir o livro que aqui faz referência, Estudos da História do Algarve?
Desde já o meu obrigado e mais uma vez, os meus parabens.
RG
Prezado Ricardo Gomes
ResponderEliminarMuitíssimo obrigado pelas suas palavras. Os seus elogios só por falsa modéstia é que poderiam ser leviamente rejeitados.
Quando alguém reconhece o nosso trabalho e nos enaltece o esforço desenvolvido em prol da cultura, é com se nos afagasse o ego, que na minha idade precisa às vezes destes mimos. Em todo o caso, o que escrevo acerca do Algarve é por paixão algarviista, mas também por prazer intelectual.
As informações que acrescentou acerca das relações do capitalista Burnay com a família Gomes Reis mereciam ser deslindadas, ou esmiuçadas, como agora sói dizer-se. Essa é uma investigação que você poderia pensar desde já em fazer, até com vista ao desenvolvimento de um trabalho académico.
Fiquei muito agradado também com o seu percurso de vida. Vejo que é um jovem inteligente e com muitas qualidades, humanas e intelectuais, cujo sucesso fora do Algarve auguro como certo e seguro.
Volte sempre, os seus comentários serão sempre muito apreciados, desde que que não volte a fazer-me rasgados elogios. A dose foi reforçada, e estou-lhe grato por isso.
Um abraço do Vilhena Mesquita
Caro Prof, desde já os meus agradecimentos pelas suas honrosas palavras. Com efeito, tudo o que faço, seja por necessidade ou prazer, tento que seja sempre pautado por grande dedicação e paixão. Com efeito, acredite, prezado Prof, que não é por falta de interesse que já não me debrucei sobre o tema das ligações do Conde de Burnay (e outras personalidade da época) ao Algarve (não apenas à familia Gomes Reis e Lã).(Neste aspecto, há quem defenda que estas 2 familias se uniram pela via do casamento) Essa tarefa é algo que consta desde há algum tempo na minha lista de afazeres (ou como os ingleses dizem: To do List), no entanto falta-me o tempo que uma investigação rigorosa requer. Em termos académicos, o meu mestrado debruça-se sobre a Ciência Política e o pensamento político do contratualismo social (T. Hobbes, J. Locke, J.J. Rosseau), pelo que a tarefa de contribuir muito modestamente para o deslinde o meu (nosso) Algarve terá que se sujeitar sempre a uma disponibilidade de recursos temporais muito grande. Mas penso que este tema poderá ser uma enorme manancial de informações e dados relevantes para a coompreensão do peso e do percurso do Algarve e das suas gentes na evolução do país. Com efeito, o Algarve e as suas gentes têm, comparativamente às restantes regiões do país uma identidade muito própria, que conduz invariavelmente a uma micro-sociedade. Infelizmente, temos que estar longe para o perceber e dar valor. Pelos lados onde habito, o algarvio é visto como pessoa prática, inovadora, algo individualista e muito empreendedora, pelo que muitas vezes é referida com desdem e inveja. É quase como um estigma. Enfim... talvez consequência de um processo remoto de aculturação de várias comunidades.
ResponderEliminarTomarei certamente as suas palavras como um incentivo adicional e pelo menos nos meus tempos livres, procurarei debruçar-me sobre estes assuntos, prometendo desde já continuara assiduamente leitor e modesto contribuinte atento deste blog. Mas diga-me, por favor como e onde posso adquirir o livro "Estudos da História do Algarve"? Gostaria muito de fazer uma leitura comparativa da evolução histórica do Algarve com a de outras regiões. A titulo de curiosidade, ai no Algarve conheecemos os Compromissos Maritimos, aqui na Nazaré e um pouco pela região centro e norte, essa realidade inspirou o Dr. António Salazar a instituir as Casas dos Pescadores. Instituições que providenciavam na década de 40 em diante formação aos pescadores e suas familias, (na área das artes maritimas para os homens e costura e lavores às mulheres), subsidios e auxilio social e até casas. Posto isto, penso que esse exercicio comparativo terá muito interesse, nem que seja particular.
Uma vez mais, agradeço a suas gentis palavras.
Respeitosamente,
RG.
Prezado Ricardo:
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário.
As relações familiares do Burnay com o Algarve ficará então para uma próxima oportunidade. E quando pensar nisso talvez possamos colaborar nesse estudo.
Quanto aos Compromissos Marítimos foram substituídos na década de trinta por imposição de Salazar, passando a designar-se por «Casa dos Pescadores».
Em sua homenagem vou publicar aqui no Blog um texto sobre os antigos Compromissos Marítimos do Algarve. Irei tratar do assunto para a próxima semana.
Receba um abraço do Vilhena Mesquita
Caro Prof. desde já os meus agradecimentos pelo esclarecimento. Penso que os 2 nomes terão coexistido por breves 5 anos, sendo que foi o Algarve a última região a ostentar a denominação Compromisso Maritimo, senão mesmo a única.
ResponderEliminarseria uma honra e um previlégo colaborar consigo fosse em que assunto fosse, e devo dizer que me aumentou o bichinho. Agora só posso aguardar pelo momento mais oportuno.
Respeitosamente,
RG
Sou uma das descendentes do sr Joao Lã que era tio do meu pai de quem ele herdou o nome completo e do qual pouco sabia pois morreu antes de eu
ResponderEliminarnascer .Achei mt interessante esta pesquisa.Obrigada
Olá Professor, sou daquelas pessoas em que na escola o história não me dava interesse nenhum mas hoje em dia o mesmo já não acontece e por esse motivo cheguei ao seu blog devido ao meu tambem interesse sobre o "Faro de antigamente" aquele em que as ruas eram largas e onde eram os poços de água que alimentavam a cidade, ao ler um comentário seu entendi que tinha vontade de ter fotos do Palácio dos lã?!
ResponderEliminarPoderá ver algumas neste blog:
http://faroparaacoisa.blogspot.com/2010/07/avenida-5-de-outubro-outros-tempos.html
Já agora, eu não encontrei nada sobre o edifico que se encontra abaixo do refugio em frente ao quiosque. Um que mais dia menos dia vai abaixo por estar degradado ou porque querem contruir um prédio.
Caro professor,
ResponderEliminarSou uma descendente da família lã.. já de uma época mais recente (nasci em 1983). Achei muito interessante a sua pesquisa, fico com pena de não saber, não entender muito bem a a que mesão os senhores aqui descristos. Apenas sei que o meu avô se chamava Francisco Lã que casou com a minha avó Maria Stela Raposo da Fonseca Lã. Gostaria de saber mais alguma informação, caso a possua.
Prezada Carina li o seu comentario e pertencendo á familia Lã gostaria muito que nos pudessemos contactar, vou ficar a aguardar um e-mail seu : joaoperescorreia@hotmail.com
EliminarPrezada Carina
ResponderEliminarAssim de repente não sei se tenho elementos sobre os seus familiares. Terei que consultar as minhas fichas biográficas sobre os algarvios do século passado. Creio que a sua avó era gente de bem, oriundas de famílias muito conceituadas em Faro. Lembro que os primeiros Lãs não eram ninguém, vieram de Espanha para negociar em vinhos e depois acabaram por alargar os seus interesses aos lagares de azeite, com os quais ganharam muito dinheiro. A família Lã evoluiu, aumentou os seus bens e o seu poder económico. Mais tarde compraram as indústrias de tecelagem, a que chamavam de linhagens, que existiam no quarteirão em frente ao Tribunal de Faro, que ia até meio da avenida 5 de Outubro, terminando quase em frente ao edifício que ficou conhecido como Palácio Lã. Enriqueceram... essa é que é a verdade. Mas no princípio, não obstante serem ricos, tiveram muitas dificuldades para entrarem na sociedade farense, isto é no seio da burguesia citadina, que os repelia como sendo gente boçal. Basta dizer que só a troco de muito dinheiro é que lá conseguiram entrar para sócios do Clube Farense, onde o velho Lã (talvez o seu bisavô) costumava jogar na roleta e na banca francesa, perdendo muito dinheiro sem a mínima complacência. Os senhores "doutores" de então achavam inconcebível que o Lã cuspisse para o soalho, acabado de encerar, como se estivesse na rua.
A Stella Fonseca creio que era descendente de antigas famílias de Faro, que depois se tornaram produtores e exportadores de vinhos.
Se me indicar a data de falecimento do Francisco Lã e da Stella Fonseca, talvez eu consiga encontrar melhores informes.
Acima de tudo, deve orgulhar-se dos seus antepassados porque foram gente de bem que marcaram boa presença na sociedade farense, sobre nos anos que se seguiram à II Guerra Mundial.
Esperando ter-lhe sido útil, apresento-lhe os meus melhores cumprimentos.
Vilhena Mesquita
Possíveis fotos do Palácio dos Lã
ResponderEliminarhttp://adefesadefaro.blogspot.pt/2010/08/faro-palacio-do-la.html
Sou descendente da família lá. O João la do palacete era meu bisavô. Meu avô José Francisco la vivia frente ao palacete na Rua Santo António onde é agora a seguradora. Mia tia Batista la vivia ao lado era casada com o António la. Eram primos.
ResponderEliminarPedro la