Poucos saberão certamente que o escritor Aquilino Ribeiro
fez as suas primícias de publicista emérito no Algarve, mais precisamente na
vila de Olhão, tendo escolhido para palco da sua estreia jornalística o semanário
«O Cruzeiro do Sul», fundado e dirigido por José Marques Corpas Centeno, dedicado
secretário da edilidade local e notável publicista. Trata-se de um pormenor
biográfico, frequentemente descurado, que à primeira vista poderá parecer
irrelevante mas que, no fundo, assume particular interesse para o roteiro
literário e estilístico do autor do Malhadinhas.
Por outro lado, constitui um elemento de insofismável orgulho para a História
da Imprensa Algarvia, que de forma alguma se poderá desdenhar, sob pena de
incorrermos num verdadeiro atentado à memória daquele que muito justamente se
considera como o maior romancista português do século XX.
Este Blog, da autoria de José Carlos Vilhena Mesquita, constitui um repositório de trabalhos publicados em diferentes suportes e plataformas (jornais, livros, conferências, congressos, etc), a maioria dos quais são hoje difíceis de consultar nas suas fontes originais. Por outro lado, pretende-se criar uma via de ligação e de comunicação com diferentes públicos, sendo certo que o preferencial alvo são os alunos universitários, para os quais remeto a leitura dos textos contidos neste Blog.
sexta-feira, 26 de setembro de 2014
UMA VIAGEM ATRAVÉS DA LUZ
Este livro gira em torno duma espécie de viagem
cósmica impulsionada à velocidade da luz pela força da palavra. A ideia
incomensurável do universo físico está patente neste livro através da
persistente alusão aos seus elementos constituintes, com particular acinte na
luz solar, fonte e gérmen de vida, nos astros que integram o nosso sistema
astronómico (estrelas, cometas, planetas, quasares), assim como nas figuras que
compõem o nosso universo mítico, como a fénix, a cobra alada, a pedra
filosofal, os grifos das trevas e os cavaleiros do apocalipse, os mitos da
Esfinge, de Andrómeda e de Prometeu, enfim toda uma panóplia de aparente
fantasia científica, que aqui é tratada e transmitida de forma etérea na
volatilidade do verso poético.
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LITERATURA ALGARVIA - Ensaio
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
A «CHRONICA DO ALGARVE» terá sido o primeiro jornal algarvio?
O jornal que
inaugurou a imprensa algarvia chamava-se «Chronica do Algarve», nasceu por
ocasião da Invasão pelas tropas liberais do Duque de Terceira, cuja quartel-general se estabeleceu em Faro. Publicou-se
no dia 15 de Julho de 1833, e anunciava-se como órgão oficial do partido constitucionalista
de D. Pedro, Regente e futuro Rei de Portugal. Dado que os liberais receavam a
oposição militar e popular desta província editaram a «Chronica do Algarve»
para informar o povo, e principalmente a burguesia, acerca do poderio do
exército da Rainha e dos seus êxitos no campo de batalha. Por outro lado,
serviria como elemento de propaganda das novas ideias e como veículo de
recrutamento de efectivos militares para as fileiras do exército liberal.
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ESTUDOS CIENTÍFICOS,
HISTÓRIA da IMPRENSA ALGARVIA
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
Tavira, o Marquês de Pombal e a Fábrica de Tapeçarias
A acção política do Marquês de Pombal na 2ª metade do séc. XVIII teve como objectivo a centralização do poder no Estado-Pessoa. Porém, quase em simultâneo, desenvolveu iniciativas de fomento económico que contribuíram para um vasto programa de reformas, quer na organização da administração pública, quer no ordenamento social, introduzindo ideias e projectos que se assemelham, em certa medida, à revolução iluminista. O fomento industrial foi um dos sectores de maior sucesso e de grande dinamismo económico durante o consulado Pombalino. A cidade de Tavira foi contemplada com o apoio à instalação de uma unidade fabril dedicada à produção de tapeçarias. Todavia, razões de vária ordem, nomeadamente o afastamento do Marquês do governo, contribuíram para o insucesso mercantil e encerramento desta unidade fabril, única em toda a História do Algarve.
FARO E O MOVIMENTO DO ORFEU
Faro foi a
única cidade de província a dar cobertura e apoio ao movimento futurista
liderado por Fernando Pessoa, Mário Sá-Carneiro e Almada Negreiros. É esse o
principal aspecto focado nesta comunicação, para além de ser lembrado que
Fernando Pessoa viveu em Tavira, em casa de sua tia cujo imóvel bem merecia a
colocação de uma placa evocativa da passagem pelo Algarve de um dos maiores
poetas da cultura portuguesa. Será igualmente analisado o papel do semanário «O
Heraldo», dirigido pelo pintor Lyster Franco na cidade de Faro e recordada a
colaboração do artista Carlos Porfírio, director da revista «Portugal
Futurista», de Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Sá-Carneiro e de vários
outros jovens algarvios. De salientar que o último sobrevivente do Movimento
Futurista Português foi um algarvio, o Dr. Mário Lyster Franco, falecido em
1984.
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ESTUDOS CIENTÍFICOS
terça-feira, 23 de setembro de 2014
FLORBELA ESPANCA NA VILA DE OLHÃO
Na vida de Florbela Espanca existem muitos pontos obscuros (ou menos esclarecidos), que apenas se afloraram sem, contudo, se ousar penetrar no âmago ou na essência das razões que os originaram. A permanência da poetisa em terras do Algarve é um dos trajectos biográficos mais ignorados pelos investigadores, ensaístas e historiadores da nossa cultura. Talvez o facto dessa estadia ter sido curta, transitória e efémera, explique o pouco interesse da investigação. Talvez o facto do Algarve ser uma região predestinada para o turismo tenha levado os estudiosos a supôr que Florbela demandou estas paragens apenas por motivos de lazer. Mas também há quem por falso pudor, imaculando a figura literária de Florbela, procure ignorar essa presença, sabendo de antemão que ela se ficou a dever ao definitivo encerramento das suas naturais expectativas de mulher-mãe.
[ofereço a todos os meus leitores a oportunidade de fazerem o download gratuito deste meu opúsculo sobre a estadia de Florbela Espanca em Quelfes, o qual é muito raro de encontrar, por se ter esgotado pouco depois de ter vindo a público em 1996]
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ESTUDOS CIENTÍFICOS
Um presépio napolitano do século XVIII no museu paroquial de Moncarapacho
Este presépio napolitano, cuja autoria julgo pertencer a Giuseppe Sammartino, é composto por 45 peças (onze das quais são representações
animalistas), propriedade da riquíssima casa Júdice Fialho, grande
impulsionadora da indústria conserveira e do comércio português além
fronteiras, que após o seu desmoronamento, suscitado pelas consequentes partilhas
da fortuna, acabou por ir parar às mãos do Asilo de Santa Isabel, em Faro, mercê
de uma doação feita, ainda em vida, pela viúva daquele famoso industrial. Durante
largos anos, por altura dos festejos natalícios, este esplendoroso conjunto
artístico foi reunido e exposto ao público, que, deste modo, pôde apreciar
«in-loco» a riqueza, o talhe e a expressão das encantadoras figuras. Mas o
correr dos tempos associado ao desconhecimento do valor das próprias peças
permitiu que o desleixo fosse generalizado e que o abandono originasse,
progressiva e irreversivelmente, um processo de desagregação que levou
inclusivamente à destruição de algumas peças.
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ESTUDOS CIENTÍFICOS
sábado, 20 de setembro de 2014
Manuel de Arriaga e a República
Personalidade relevante, com
um carácter antidinástico a todos os títulos notável, Manuel de Arriaga
procurou esforçadamente, logo após o 5 de Outubro de 1910, a conciliação de
todos os portugueses com o novo regime acabado de implantar. A República era
encarada, na época, como a «cura de todos os males de que enfermava a Nação», e
esse era o ideal, e a esperança, do velho tribuno republicano. «Tendo passado
toda a vida a procurar a República foi procurado por ela para seu Procurador»,
no Verão de 1911, sendo então eleito como primeiro Presidente da República
Portuguesa. Era a justa homenagem prestada ao mais ancião dos republicanos.
Todavia, a incompreensão dos políticos e o clima de desordem partidária, que se
fez sentir com o desmembramento do Partido Republicano Português (PRP), ditaram
o seu afastamento da presidência da Nação, depois de ter sido considerado
traidor e fora-da-lei por destacados vultos da vida política nacional.
(Publiquei este artigo na revista «História», nº 42, em Abril de 1982. Já nem me lembrava da sua existência, se mão amiga não me tivesse oferecido um exemplar de que extratei o texto que abaixo se insere, para uso de estudantes e investigadores da nossa infeliz e malfadada República).
(Publiquei este artigo na revista «História», nº 42, em Abril de 1982. Já nem me lembrava da sua existência, se mão amiga não me tivesse oferecido um exemplar de que extratei o texto que abaixo se insere, para uso de estudantes e investigadores da nossa infeliz e malfadada República).
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HISTÓRIA DA REPÚBLICA
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