Este presépio napolitano, cuja autoria julgo pertencer a Giuseppe Sammartino, é composto por 45 peças (onze das quais são representações
animalistas), propriedade da riquíssima casa Júdice Fialho, grande
impulsionadora da indústria conserveira e do comércio português além
fronteiras, que após o seu desmoronamento, suscitado pelas consequentes partilhas
da fortuna, acabou por ir parar às mãos do Asilo de Santa Isabel, em Faro, mercê
de uma doação feita, ainda em vida, pela viúva daquele famoso industrial. Durante
largos anos, por altura dos festejos natalícios, este esplendoroso conjunto
artístico foi reunido e exposto ao público, que, deste modo, pôde apreciar
«in-loco» a riqueza, o talhe e a expressão das encantadoras figuras. Mas o
correr dos tempos associado ao desconhecimento do valor das próprias peças
permitiu que o desleixo fosse generalizado e que o abandono originasse,
progressiva e irreversivelmente, um processo de desagregação que levou
inclusivamente à destruição de algumas peças.
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