Consideram-se
surtos endémicos as doenças transmitidas por bactérias ou por vírus que
deflagram geralmente em determinadas regiões, provocadas por agentes ou
condicionalismos locais. Na maioria dos casos as endemias são sazonais e estão
relacionadas com factores geográficos, climatéricos, e, por vezes, até
genéticos. Consideram-se doenças regionais e não costumam ter efeitos mais
devastadores do que aqueles a que as populações já estão habituadas. No Algarve,
por exemplo, eram muito comuns as doenças palustres ou tifóides no tempo da
curtimenta do esparto e do vime. Confinavam-se aos locais de águas paradas, estagnadas
ou pútridas, aos terenos pantanosos, sapais e lameiros da borda-d’água, onde
eclodiam mosquitos transmissores de febres e sezões. Quando as endemias se
agravam ou propagam, adquirem então o carácter de surtos epidémicos, mas só no
caso de a doença ter sido provocada por um vírus ou bactéria que surgiu inesperadamente
num local e contagiou rapidamente a generalidade da população. Não são raros os
casos em que os surtos epidémicos evoluem de forma incontrolada para situações alarmantes,
extravasando fronteiras numa onda de contaminação generalizada. Nesse caso
adquirem o foro aterrorizante da epidemia. O conceito de Epidemia nasce da
fusão de dois étimos gregos: epi (sobre), e demos (povo), significando algo que
se derrama pela população, causando alarme e medo. Traduz, do ponto de vista
médico, um inesperado e arrebatante índice de enfermos atacados pela mesma
doença num breve lapso de tempo, e sem distinção de sexos, idades, raça ou
classe social. Uma epidemia é um contágio rápido e generalizado, que não tem
limites de tempo nem de espaço, provocando um número elevado de vítimas.